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SANGUE, SUOR E ALUMÍNIOSANGUE, SUOR E ALUM As estradas de ferro do interior paulista foram determinantes para o crescimento da indústria nacional, transportando pessoas, produtos e histórias que a Votorantim também ajudou a escrever. O início da viagem A Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1875, corria entre os rios Peixe e Paranapanema. O complexo […]
SANGUE, SUOR E ALUMÍNIOSANGUE, SUOR E ALUM
As estradas de ferro do interior paulista foram determinantes para o crescimento da indústria nacional, transportando pessoas, produtos e histórias que a Votorantim também ajudou a escrever.
O início da viagem
A Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1875, corria entre os rios Peixe e Paranapanema. O complexo ferroviário do Estado de São Paulo foi construído com um traçado peculiar, como se fosse uma vasta mão espalmada: o punho em Santos, a mão em São Paulo e os dedos correndo pelo interior do estado. A Sorocabana era o dedo mindinho.
Quando, no final do século 19, o Banco União de São Paulo se propôs a construir a Fábrica de Tecidos Votorantim, na região de Sorocaba, investiu também na construção de toda infraestrutura para dar suporte ao empreendimento. Engenheiros, máquinas, trens, trilhos, fios, madeiras, imigrantes, técnicos, operários, todos em grande efervescência. O primeiro passo foi a construção de um ramal da Sorocabana, chamado Estrada de Ferro Votorantim. Após a abertura da picada a foice e machados, começaram a chegar peças de máquinas e também a grande caldeira. A estrada de ferro, incialmente a vapor e com bitola de 60 cm, foi gerenciada por Calixto de Paula Souza (posteriormente a estação de Sorocaba recebeu seu nome – Estação Paula Souza), e ligava Sorocaba a Itupararanga, sendo usada para o transporte de máquinas para a fábrica de tecidos.
Primeira parada: 1918
Com a aquisição da massa falida do Banco União, além da fábrica de tecidos, Antonio Pereira Ignacio adquiriu a Estrada de Ferro Votorantim. Com o objetivo de facilitar a produção e o escoamento de produtos da fábrica, Pereira Ignacio altera o tamanho da bitola dos trilhos e eletrifica a via. A partir de então a linha passa a ser conhecida como Estrada de Ferro Elétrica Votorantim (EFEV), sendo a segunda linha férrea a ser eletrificada no Estado de São Paulo. A inauguração em 1922 contou com ilustres participantes, entre eles o então presidente do Estado de São Paulo, Washington Luiz. Calixto de Paula Souza foi lembrado por sua dedicação à construção da estrada, sendo que a estação de Sorocaba recebeu seu nome.
Em 1927 a EFEV era o negócio da Votorantim.
Segunda parada: viagens pelos trilhos
Ainda na década de 1920, a EFEV foi prolongada até Santa Helena, chegando a pedreira de Baltar. Era utilizada para o transporte de calcário até a fábrica de cimento.
Em 1924 Antonio Pereira Ignacio inaugurou um trecho da estrada de ferro ligando a fábrica de tecidos à sua chácara chamada Santa Helena. O bonde chegava até o jardim da casa. Pereira Ignacio utilizava um pequeno automóvel de linha para seu deslocamento. Na época, quando viam este automóvel, as pessoas diziam:
“Lá vai o Pereira Ignacio tomar o trem na Sorocabana para São Paulo! ”
Além do transporte de carga, a EFEV também utilizada também por pessoas que trabalhavam no distrito industrial de Votorantim, principalmente funcionários da Ffábrica de Ttecidos. A linha férrea foi um importante fator para o desenvolvimento entre as cidades de Sorocaba e Votorantim, propiciando a formação de bairros, vilas e comércio.
Na EFEV havia também o “trem marmiteiro”, composição que levava um vagão carregado com o almoço dos funcionários das fábricas da Votorantim – Tecidos, Votocel e Santa Helena. O trem ia parando nas estações e as pessoas embarcavam uma marmita metálica com uma plaquinha indicando o nome do funcionário e fábrica. A curiosa prática dedurou até a década de 1970.
Parada final:
Até a década de 1950 as ferrovias se consolidaram como o principal meio de transporte de passageiros e de carga no Estado de São Paulo. Eram motivo de orgulho para os funcionários e municípios por onde passavam.
Com o crescimento da política desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek (1902 – 1976) que priorizava o transporte automotivo, as ferrovias têm seu período de glória abalado e, em 1966, a EFEV deixa de transportar passageiros. A linha férrea continuou com o transporte de cargas até 1998, quando foi desativada definitivamente.
Muito mais que uma simples linha de trem, a Estrada de Ferro Elétrica Votorantim foi o caminho por onde passaram pessoas que construíram bairros, comércios, sonhos e muitas histórias. Por seus trilhos passaram boa parte da grandeza que transformou uma fábrica de tecidos em uma empresa de classe mundial.